Teodósio Caeiro e Marta Duarte da Lusa
Na histórica localidade de Evoramonte, no Alentejo, estão a ser realizadas as primeiras escavações arqueológicas para desvendar se existiu no local a maior cidade pré-romana do Sudoeste da Península Ibérica, conhecida por Dipo.
Os trabalhos, dirigidos pelo arqueólogo Rui Mataloto, da Associação PortAnta, contam no terreno com uma equipa assistida pela arqueóloga Catarina Alves e constituída por dez estudantes de arqueologia oriundos de várias universidades portuguesas e inglesas.
«Havia indícios, resultantes da cerâmica à superfície, que apontavam para a possível existência de uma cidade pré-romana naquele local», lembrou o arqueólogo. Salientando que «as escavações servem para testar os vestígios que existiam», Rui Mataloto garantiu à Lusa que os trabalhos «estão a comprovar a existência de um povoado pré-romano no local».
A cidade de Dipo, de acordo com o mesmo especialista, é mencionada como fazendo parte do itinerário romano, depois de Évora e no sentido de Mérida (Espanha). «As escavações estão a revelar dados que permitem concluir que a vila de Evoramonte, na época medieval, não se limitava a uma ocupação apenas na área interior da muralha do castelo, estendendo-se também para o exterior», assegurou.
O maior sítio do Paleolítico Superior em Portugal
Alimentavam-se de marisco, faziam gravuras em pedra e adornos com pequenas conchas, há vinte mil anos. Hoje, arqueólogos tentam desvendar os segredos escondidos em Vale de Boi, Algarve, o maior sítio arqueológico do Paleolítico Superior em Portugal.
Descoberto há dez anos por uma equipa integrada por Nuno Bicho, da Universidade do Algarve, o local tem sido objecto de campanhas arqueológicas desde então, que visam reconstituir o sítio tal como era há vinte mil anos.
Ao longo de dez anos foram encontrados em Vale de Boi milhares de vestígios, sobretudo material em pedra talhada, parte do qual seriam pontas de flecha, mas há uma descoberta que se destaca das demais. Trata-se de uma placa de xisto com três gravuras de animais - que se supõe serem auroques -, que terá mais de vinte mil anos e foi descoberta praticamente intacta, sendo pouco comum em Portugal, refere Nuno Bicho.
«Ainda vamos encontrar aqui a menina de Vale de Boi», lança uma das arqueólogas que participa nas escavações, numa alusão ao «menino do Lapedo», fóssil de uma criança descoberto perto de Leiria há dez anos.
Perante a pacatez da aldeia de Vila de Boi, a equipa de arqueólogos vai continuar até ao início de Agosto a subir rumo ao local, munida das suas ferramentas de trabalho e cheia de vontade de escavar.
Tomado de: http://diario.iol.pt/sociedade/arqueologia-escavacoes-evoramonte-vale-de-boi-romanos-dipo/975778-4071.html
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